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Revelando e sendo revelada

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Fotografar e posar é como o sexo: quanto mais intimidade, mais entrosamento, quanto mais ambos confiam um no outro, mais prazeroso e divertido é o processo (ninguém fica com medo de propor algo diferente); e, muito importante, quão maior for a admiração recíproca mais ambos se doarão para que tudo seja maravilhoso e farão isso naturalmente. E, no final, os dois estão suados, cansados, doloridos e quem sabe até sujos.

Amalgamados 

O fotógrafo usa seus modelos e ora é usado por eles. É um jogo de dominação, voyeurismo e exibição em que o fotografado pode mostrar muito mais do que expressões, mais do que o corpo, mas sim seus desejos, seu medo, até seu horror. Por outro lado, ingênuo o fotógrafo que pensa que está apenas dirigindo poses e dando orientações. Ele está cochichando seus segredos para a câmera e para o ser fotografado. A objetiva captando todo o subjetivo de duas almas expostas.  
E num recente choque de almas, com minha amiga e fotógrafa Marina, nasceram vários registros. Um deles em especial causou epifanias, debates sérios e depois interpretações cômicas (porém não pouco verdadeiras). O que me fez acabar “cometendo” um poema. Quem fotografou, quem posou e quem escreveu é fácil de dizer. Mas quem está de fato no poema e quem se revela na foto, é outra história.
foto: Marina Bitten

Protege o corpo – tão SEU
Com teorias variadas – inteligentes – porém compradas
Cerca-se de arte para aplacar a solidão
Notas para o silêncio
Letras para a inquietação
Acha que pode cancelar os desejos
E forçar-se à exaustão
Mas o olhar já não se sustenta ali – vaga em pontos de luz
Então… Oh! 
Esconde seus dogmas sem perceber
Chega de ideias! 
Seu corpo é enciclopédia; tratado; arquivo vivo, mutante, pulsante;
Tese de Mestrado.

(Juliana Dacoregio)


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